25 julho 2008

Caso Maddie - entre o horror e o horror, o que escolhemos?


Muito se disse já sobre o caso Maddie. Pelo livro agora lançado e pela entrevista de ontem à noite no Canal 1, muito estará ainda por dizer. Eu, confesso, não acrescentarei mais nada, a não ser o desejo sincero de que a criança tenha sido raptada. Não porque a morte seja infinitamente pior que tal sorte, mas pela forma como olho para os pais. Se se provar a tese de que Maddie morreu devido a um qualquer acidente, e que estes ocultaram o cadáver, estamos perante o horror. Não de dois adultos que provocaram involuntariamente a morte de uma filha, mas de dois seres humanos que, contra tudo o que seria decente, saudável, normal, plausível, aceitável, desenham os contornos de uma mentira infame, preenchem-na, retocam-na e persistem nela, correndo a Europa e os jornais, rezando em Fátima, beijando o anel do Papa e aceitando a sua bênção, angariando fundos e leis para uma causa que nos toca a todos, pais ou não de crianças pequenas.

Por tudo isso - porque nada me move contra o investigador Gonçalo Amaral - espero que a tese da morte e ocultação de cadáver não se prove. Se isso acontecesse, e isto pode parecer um lugar-comum, uma parte da minha crença nos Homens morreria também.

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