21 março 2011

Fórmula para o caos

Nos últimos dois dias, realizou-se o 24º congresso do CDS-PP. Parece consensual que, tanto o partido como a liderança, saíram reforçados do conclave em Viseu. É, de facto, admirável a capacidade de mobilização e coesão interna que Paulo Portas emprega nos centristas. Quando há vários anos se tem vindo a antecipar o seu falecimento, o CDS supera-se sempre e continua a deixar marca no espectro político do centro direita. Até Luís Nobre Guedes, que até à intervenção que fez no congresso se colocava como a principal voz dissonante e geradora de clivagem interna, foi capaz de protagonizar a maior surpresa da reunião magna, ao encetar um discurso de apelo à união em torno da liderança de Portas, por julgar (e bem) que, em tempo de pré-campanha eleitoral, não há lugar a divisões, e que todos se devem centrar em conquistar o maior número de votos possível, para não deixar o PSD a comandar sozinho os destinos de Portugal.

É também de saudar a frequente aposta do CDS nos seus quadros mais jovens, não se deixando cair na tacanhez de apresentar sempre os mesmos, como geralmente acontece nos partidos da Europa do Sul. Nomes como João Almeida, Assunção Cristas e Cecília Meireles formam um núcleo de alta qualidade, e perfeitamente capazes de integrar o próximo governo.

No plano internacional, a semana que passou fica irremediavelmente marcado pela resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que deliberou uma Zona de Exclusão Aérea no território líbio. É de esperar que a decisão do CS, inicialmente proposta pela França e pelo Reino Unido, não tenha saído demasiado tarde, numa altura em que as forças do regime prosseguem a sua marcha de controlo das zonas rebeldes. Apenas Bengasi, berço da revolta e grande bastião do Conselho Nacional Líbio, continua fora do alcance do exército fiel a Khadafi.

Constata-se a diferença em relação à invasão do Iraque em 2003, no que diz respeito à aceitação por parte da comunidade internacional, bem como da sociedade em geral, dado esta tratar-se de uma missão com mandato da ONU, e não uma decisão unilateral dos EUA.

Pedro Castelo Branco

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto muito dos seus comentários. Têm sempre muito interesse. E são sempre muito bem escritos. Obrigada. pcp

Acerca de mim

Arquivo do blogue