29 maio 2011

VI Domingo da Páscoa

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.

Talvez me sinta desinspirado... Na minha mente organizada, o comentário ao evangelho de hoje era da maf, pelo que estava descansado. Mesmo dos textos menos óbvios ela consegue extrair pensamentos simples que são, por vezes, os mais difíceis de redigir. Esta semana decidiu baralhar-me as voltas, pedindo a fineza de uma troca. Ainda estive para lhe dizer um não gratuito, mas lembrei-me que o exercício da irritação não era boa prática dominical... Enfim, sigamos para bingo - sem desprimor pela palavra sagrada.

Imaginemos que teríamos de explicar, a um qualquer alien destas coisinhas da religião, o que é isso do amor que temos pelo Pai (Deus) e vice-versa. Ou imaginemos, tão só, uma argumentação com um ateu irritante, daqueles que não só nega a existência do Altíssimo, como nos chaga a cabeça até à medula (anatomicamente improvável, digamos). Como explicaríamos ao extra-terrestre, como responderíamos ao provocador?

O amor que temos ao Ancião da Eternidade (na expressão queirosianamente feliz) tem uma explicação fácil, parece-me. Afinal, ele é o Pai que todos gostaríamos de ter: justo, equilibrado, desafiante, ouvinte, bom conselheiro. Nada mais natural do que querermos agradar-lhe; no fundo, no fundo, fazer-lhe as vontades todas, porque sabemos que é isso que Ele quer e porque, se o conseguirmos, não satisfazemos um capricho paternal - tornamo-nos santos. E, sendo santos, beneficiamos todos os que giram à nossa volta.

Mais difícil de explicar seria o Amor que o Pai nos tem. Como se reflecte ele no nosso dia-a-dia? Como nos sentimos beneficiários dessa Ternura imensa e inesgotável? Como nos sentimos recompensados? O que é, na manifestação desse Amor divino, o equivalente a um aumento de mesada, à oferta de um Cauny à prova de água ou, last but not the least, um abraço forte e amoroso com um beijo de orgulho na nossa testa?

O que é, na verdade e no concreto das nossas rotinas, ser amado pelo Pai?

Bom Domingo para os que me lêem.

JdB

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

«Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos,
e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco,
o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós.»
«Não vos deixarei órfãos; Eu voltarei a vós!
Ainda um pouco e o mundo já não me verá; vós é que me vereis, pois Eu vivo e vós também haveis de viver.
Nesse dia, compreendereis que Eu estou no meu Pai, e vós em mim, e Eu em vós.
Quem recebe os meus mandamentos e os observa esse é que me tem amor; e quem me tiver amor será amado por meu Pai, e Eu o amarei e hei-de manifestar-me a ele.»


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