07 dezembro 2011

Diário de uma astróloga – [14] – 7 de Dezembro de 2011

A astrologia da crise – Parte 2 – Urano em Carneiro

Há 15 dias falei sobre Plutão em Capricórnio, um dos aspectos astrológicos necessários para compreender o momento histórico em que vivemos; hoje é a vez de Urano.

Urano é o primeiro dos planetas do nosso sistema solar que não pode ser visto a olho nu. Foi descoberto em 1781, na época que deu origem à Revolução Francesa e durante a luta pela independência dos Estados Unidos da América. Simboliza muitas das características dessa época: liberdade, mudança, rebelião, revolução. A justiça social implícita no slogan  Liberté, égalité, fraternité   é uraniana. Esta energia manifesta-se sem aviso prévio, abana, electrifica, radicaliza, abre novas perspectivas. É associada com inovação tecnológica e é também o “Eureka” de Newton. Na sua expressão mais básica é excêntrica e, na sua expressão mais elevada, representa génio e a capacidade de introduzir melhorias tanto a nível pessoal como a nível colectivo.

Urano tem uma órbita de 84 anos à volta do Sol e passa, portanto, sete anos em cada signo. Por passar menos tempo em cada signo tem menos importância do que o Plutão em termos de zeitgeist.  Em todo o caso manifesta-se em acontecimentos mundiais e, normalmente, de forma repentina. Em Maio de 2010, mudou do signo mais pacífico, Peixe, para o signo mais aguerrido, Carneiro.

Em Dezembro de 2010 Mohamed Bouazizi imolou-se pelo fogo protestando um imposto injusto e falta de soluções económicas para si e para a sua família.  Este acto individual despoletou o movimento da “Primavera Árabe” que mudou e está a mudar a face da Tunísia, Egipto, Líbia, Síria, Iémen…

Entretanto em França, um humanista de 93 anos, Stephane Hessel, publica, em Outubro de 2010, um panfleto “Indignez-vous”, que vende mais de 3 milhões de exemplares em diversas línguas. As razoes que ele indica para a necessidade de nos indignarmos incluem a crescente diferença entre ricos e pobres, o controle dos media pelos grandes grupos, a necessidade de proteger o ambiente, etc., apelando para uma insurreição não violenta.

A “Cidade de Tendas” de Tel Aviv,  “Los indignados” de Madrid e o movimento  “Occupy Wall Street” que nasceu em Nova Iorque, mas que está a espalhar-se pelos EUA, são algumas das expressões de Urano em Carneiro. Adeus às manifestações pacíficas com velas (Urano em Pisces), chegou a resistência activa (Urano em Carneiro). As exigências ainda não são completamente claras, mas os motivos são claríssimos. Injustiça social: o slogan de OWS fala dos 99%, dos esquecidos pelo sistema político e financeiro actual que causou a bolha económica e que não está a pagar a crise. Estes movimentos exprimem um descontentamento global sobre o aumento dos impostos e a diminuição de pensões e serviços sociais destinados, “soit disant”, a fazer-nos sair da crise.  São profundamente injustos porque afectam uma população que nada ganhou com as especulações financeiras.

Estes protestos tornar-se-ão violentos? O que nos diz a história do Urano em Carneiro?

No período de 1843 a 1850, e falando só de 1848:
·      Marx e Engels publicam o “Manifesto Comunista”, obra tão revolucionaria que dá origem mais tarde à criação da União Soviética, estado de ideais uranianos se bem que a sua aplicação tenha ficado aquém da ideologia.
·        Uma onda revolucionária espalhou-se por mais de 50 países a contestar a autoridade tradicional e a exigir justiça social. Na Europa este período é conhecido pela “Primavera das Nações”. As forcas reaccionárias ganharam provisoriamente, mas à custa de muitos mortos. Porém, no império Astro Húngaro foram abolidos os servos.
·    Em Itália, este ano foi tão conturbado que a expressão “fare un quarantotto” é hoje ainda sinónimo de confusão e agitação.
·         Em Portugal tivemos a nossa Maria da Fonte.

No período entre 1927 e 1934:
·    A bandeira da India é içada pela primeira vez, Gandhi torna-se mais vocal na exigência de independência e inicia a Marcha do Sal como protesto contra o monopólio dos Ingleses. Milhares de indianos juntaram-se a Gandhi nesta manifestação não violenta.
·        Na China, Mao proclama a República Soviética Chinesa (génese da actual República Popular da China) em 1931 e inicia, em 1934, a primeira de uma serie de Marchas.
·        Nos Estados Unidos, o crash da bolsa de 1929 pôs fim a uma bolha especulativa e começou um período de depressão económica. 
·      Na Europa, a republica de Weimar é particularmente afectada pelo crash, o desemprego cresceu para níveis assustadores, o que deu origem à popularidade do partido Nazi e à eleição de Hitler, em 1933.

Estão a ouvir a rima?

Na minha opinião, isto é só o princípio, uma vez que as duas energias principais, Plutão em Capricórnio e Urano em Carneiro, vão encontrar-se no céu, formando um ângulo de 90º sete vezes, entre 2012 a 2015. Este ângulo indica tensão cósmica com reflexo nos assuntos mundanos. Os governos e senhores da finança vão quer manter o poder e o status quo, e a população vai querer uma sociedade mais igual, mais livre, mais justa. O resultado será um conflito do qual sairá um mundo seguramente diferente do de hoje. Melhor ou pior, dependerá de cada um de nós. Também não será vivido com a mesma intensidade por todo o lado. Penso que se sentirá mais nos EUA, uma vez que tem maiores injustiças sociais e, comparado com a Europa, tem vivido numa maior miragem económica controlada pela alta finança.  

Este post é um bocadinho perturbante mas necessário, por isso faço uma pausa no próximo dia 21 de Dezembro, e falarei sobre o solstício de Inverno. No primeiro post de 2012 retomo a parte 3 da astrologia da crise sob o tema “E que posso eu fazer”?

Luiza Azancot

2 comentários:

Ana LA disse...

SUPER como sempre. Não sei se consigo comentar, porque a "cena" é mesmo pesada. Ele há ciclos e ainda ontem eu dizia que só acredito em estabilidade a partir de 2018.

Luiza A disse...

Querida Ana, de facto nesta epoca nao ha nada como realismo, mas quem te avisa teu amigo e' :) e apesar de tudo ainda sorrimos.

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