04 setembro 2014

Crónicas de um viajante nortenho

Santigo de Compostela, 3 de Setembro de 2014
Ser peregrino é ir pelos campos à procura de qualquer coisa: da verdade, da solidão, do exercício físico, da paisagem, do silêncio consigo próprio - do enrijar das pernas, talvez mesmo...

Fui duas vezes a Santiago de Compostela, a primeira delas com o meu querido amigo fq, numa visita mais social, no melhor sentido do termo. Voltei uns anos depois - e sobre isso aqui escrevi - numa fase  em que o silêncio ou a solidão me assentariam melhor. Ontem estive lá, pela terceira vez, numa visita muito turística. Apesar das obras na basílica, é sempre uma cidade bonita, com alguma da majestade a que Espanha nos habituou, e que é visível nas praças amplas e soberbas.

Santiago de Compostela "nasceu" no século VIII, se não me engano, assente na certeza de que "aqueles" restos mortais eram do apóstolo Tiago. Tudo se baseia nessa firme convicção, mesmo que para muitos peregrinos a espiritualidade tenha pouca relevância nos caminhos que trilham tantas e tantas vezes sozinhos. Mas é a evidência que tantos aspectos da nossa vida se constroem sobre "coisas" coladas fragilmente, não demonstráveis pela técnica.

Volto à fotografia. Por mais funda que seja a motivação que nos leva a peregrinar, somos sempre seres eventualmente frágeis, sujeitos às tentações - ou aos simples desejos - do momento. Ser peregrino não é, no fundo, mais do que ser humano, nomeadamente em frente a uma fábrica de chocolates...

JdB

1 comentário:

Anónimo disse...

João,
Obg pela lembrança.
Lembro-me bem dessa marcante viagem (ao contrário de outras mais recentes..).
Saudo com afecto os viajantes e que a viagem pelo noroeste peninsular continue a cumprir as expectativas.
Abr
fq

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