Um destes dias, no Linkedin, li as recomendações de um cirurgião (penso que americano, mas não afianço), para uma vida saudável: não fumar, não beber álcool, não beber bebidas açucaradas, fazer desporto - ou pelo menos manter actividade física. Havia uma quinta recomendação, de que não me lembro, mas que estava na linha do desporto / actividade. Ou talvez fosse, simplesmente, eliminar o stress.
Ontem, ao ler as capas dos jornais / revistas, reparei num título: Idosos - o mundo é deles. Ainda na capa referia-se: supostamente, a pessoa mais velha tem 124 anos e, além de uma dieta rica em fruta e carne de cordeiro, mastiga folha de coca. Vou presumir que esta pessoa não é portuguesa.
Um destes dias, também no Linkedin, li um post sobre esta ideia: somos o que comemos. Supostamente (gosto desta palavra para me defender) há uma ligação comprovadamente (não sei se comprovadamente e supostamente são contraditórios) muito directa entre aquilo que comemos e aquilo que somos. Um artigo do Observador que me mandaram fala também nesta ligação directa entre o que comemos e o nosso estado emocional. O título, Intestino saudável, vida saudável: quem o diz, viveu-o na pele, é quase auto-explicativo.
Por último, o Telejornal das 13.00h TVI de ontem falava em regimes alimentares (hipocalóricos, penso eu), que podem provocar ansiedade e depressão (não afianço a depressão) nos jovens.
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Ainda me falta ler muito para entender o verdadeiro alcance da frase somos o que comemos. Picuinhas como sou, penso se o verbo deve ser somos ou estamos. Isto é, até que ponto é que um intestino saudável conforma o que sou, me molda, me faz ter determinadas características, ou, por outro lado (um argumento que não me custa a aceitar, quem sou eu...) faz de mim o que estou.
Olhar para os outros e avaliar o que são / estão em função do regime alimentar em que foram educados é um exercício curioso. Nas casas que frequentei enquanto criança ou jovem o regime alimentar pautava-se, talvez, pela disponibilidade financeira, por um equilíbrio do que já se sabia à altura, por uma tradição de cozinha familiar. Cruzar o que se comia à mesa com aquilo em que as pessoas se tornaram é, repito, um exercício curioso, próprio para dias indolentes e compridos, ou para noites de insónia.
Porque incluí o primeiro parágrafo, uma vez que está desalinhado com os restantes? Não só porque fala de hábitos alimentares que conduzem - supostamente! - a uma vida saudável, mas porque reforça uma irritação: no limitem estas recomendações matam o prazer da vida - e não garantem uma longevidade invejosa. Seguramente que contribuem, mas não garantem.
Olho para a minha alimentação - a de agora e a de sempre - e fico satisfeito, pois reflecte o que eu penso ser à mesa: um homem saudável, com uma alimentação globalmente equilibrada, dado a alguns excessos. Se o que como faz de mim o que sou, então compro a ideia: sou um homem saudável, equilibrado, dado a alguns excessos... E não mastigo fohas de coca, pelo que não deverei chegar aos 124 anos.
JdB
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