26 março 2009

Talentos (quem os não tem ?)

Sou uma tagarela por natureza, acho que saí à minha mãe, mas quando o JdB, um destes dias, me convidou a publicar um post sobre o tema que eu quisesse, não sei, emudeci, fiquei de tal forma surpreendida que ainda hoje me belisco .... aiiiiiii !

Enfim, perante tantos e tão talentosos bloguistas, confesso que me sinto algo inibida (Dalhe, não se enerve com o meu algo !) e a escolha do tema a tratar não foi fácil.

Detesto quando as pessoas dissertam sobre o que não sabem, quando julgam os outros sem conhecerem os factos ou quando comentam temas que não lhes são familiares.

Nada disso encontro neste Blogue, por isso, vou tentar não ser eu a estreia.

Lancei a mim mesma o desafio de escrever sobre os talentos. Os talentos que há em nós. Os talentos que só nós conhecemos e os talentos que os outros nos reconhecem. Os talentos com os quais nascemos e aqueles que conquistamos. Os talentos que nem sequer sabíamos ter e surgem repentinamente como resposta a uma necessidade. Os talentos que nos propomos adquirir, à laia de desafio. Os talentos que, um dia, julgávamos tão importantes e que, com o passar dos tempos, se tornaram relativos.
Os talentos que admiramos nos outros e os que (quase) invejamos. Os talentos de ordem fisica, os intelectuais e os espirituais. O talentos efémeros e os que permanecem.

Aos residentes do Blogue, em geral, reconheço acima de tudo e sem sombra de dúvida o talento da escrita e da sabedoria; cada um no seu estilo próprio, cada um revelando características e facetas distintas, mas todos contribuindo para um mesmo fim que é, afinal de contas, a excelência deste Adeus; ao Mestre, em particular, reconheço-lhe vários, dos quais destaco a integridade, a seriedade e uma grande espiritualidade; a MTS reconheço-lhe imaginação, criatividade e ousadia; a ATM, profundidade nos sentimentos e capacidade de desafio; a JCN, o talento da poesia e do que é belo; a Monica Bello, objectividade e capacidade de despertar consciências colectivas; a Gi, a assertividade e visão; a DaLheGas, a graça, o humor, a alegria de viver.

Tudo talentos invejáveis, sem dúvida. Mas vejamos, também, aqueles pequenos e desapercebidos talentos, que fazem de nós grandes pessoas. O talento da atenção ao outro ... dois amigos que se encontram, um deles acabou de mudar de casa e arranjou novo emprego “tenho tanta coisa para te contar...”; yet, um olhar atento revela-me que o meu amigo está a passar um mau bocado e as minhas boas novidades poderão, afinal, tornar-se o seu carrasco.... “contar-lhe-ei noutro dia, decido”.

O talento da generosidade escondida ...... o amigo rico, não querendo “ostentar” perante o seu amigo pobre uma viagem de sonho às Caraibas, simula que precisa de um tempo a sós, longe do bulício da vida quotidiana, e pede-lhe, com humildade, que o acompanhe nessa escapadela ... “eh pá, vai ser muito mais giro irmos os dois”.

O talento da honestidade ....... “oh dona Cacilda, a senhora enganou-se no troco; dei-lhe uma nota de 5 euros e não de 50 “

São estes talentos escondidos que nos fortificam por dentro, nos fazem ir mais além, nos tornam vértebras de uma sociedade que cada vez mais se vira para o seu próprio umbigo. A questão que vos coloco é: devem estes talentos escondidos ser revelados, partilhados ? Com quem ? Em que moldes ? A sê-lo, não correriamos o perigo de incorrer em vaidade, soberba ou petulância desnecessárias ? E não sendo, será o homem de hoje (no sentido lato da palavra) suficientemente nobre para continuar a praticá-los e a distribui-los de forma gratuita ?

Depois, há os talentos visíveis, aqueles que mais facilmente se reconhecem nos Mozarts, nos Einsteins, nas Amálias, nos Picassos, ou seja, o talento para as artes, para as ciências, política, dança, musica etc... O talento da genialidade e transformação, do qual dou como exemplo máximo Muhammad Yunus; o talento da liderança e de chefia - Martin Luther King; o talento da humildade e da paz - Ghandi; e tantos outros.

Também há os chamados ‘talentos privados’, aqueles que só deixamos brotar no chuveiro, na intimidade do nosso quarto ou num grupo restrito de amigos. Fazem parte desta categoria, cantar o fado, escrever poemas ou contos, pintar sobre tela, brilhar num jogo de mímica, compor música, preparar um Vol-au-Vent de trufas ou um Soufflé de chocolate.

Já vai longo este post ..... ficarão para outro dia, outros talentos.

Para terminar, não posso deixar de referir que, para mim, o talento mais maravilhoso de todos, um talento que existe em todos nós sem excepção, e que cada um desenvolve na justa medida dos seus outros talentos, é o talento do amor.

Obrigada por me lerem até ao fim.


maf

10 comentários:

Anónimo disse...

ó MAF és de facto talentosa,tal e qual como esperava.

DaLheGas disse...

maf-maf-maf-maf... ops! clap-clap-clap-clap. brilhante mafinha tagarela. custa não custa? mas consegue-se. Obrigada pela contribuição. À sua!

Anónimo disse...

MAF,
Uma bela e talentosa iniciação!
fq

Anónimo disse...

Boa maf ! Adorei.

maf disse...

obrigada a todos pelo apoio. sorte de principante :-)

Anónimo disse...

Ah, ganda MAF, que bem escreves! Venham mais posts teus, caraças! Atrasei-me a comentar, pois só hoje li, mas venham mais, ó João, pede-lhe mais! Beijos e parabéns! Rita Ferro, em directo do antigamente

a. disse...

Mas que Rica tagarela, e que Bem tagarela ela.
De onde este veio, venham lá mais uns quantos!
DeLheMAF !!:-))


a.

maf disse...

a.
Primeiro que tudo, seja "bem voltada"; o seu voltar tem graça. Já tinhamos saudades dos seus comentários, sempre inteligentes, sempre espirituosos e espirituais :-)
Este Adeus está assumir contornos familiares ... um membro da familia que parte e outros já com saudades.
A simbiose DalheGas e maf - DaLheMAF, como você me chamou :-) gostavam muito de a conhecer. Mande o contacto através do Mestre, se quiser.

DaLheGas disse...

manda manda a.!!!

Anónimo disse...

Mal é não ir ao fundo das coisas, no caso ao fundo desta página, para poder publicar esta "coisa" sem seleccionar uma entidade (e admitindo que tenho mesmo uma entidade, vou fazer um esforço para variar a cada entrada; vamos vero que dá, se é que dá......
Quanto à maf, se fosse naf e gaga ou fosse um eco, era capaz de ser uma marca de roupa. Não sendo nem uma nem outra coisa, louve-se o esforço glorioso na prossecução desta nova actividade. YES
assina: shgdoirwurºhyur

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