15 outubro 2009

Deixa-me rir...

Like a Rolling Stone é uma canção de Bob Dylan, de 1965, do seu álbum Highway 61 Revisited. Marco importante e revolucionário da música pop mundial, constou do repertório musical de mega artistas como os próprios Rolling Stones, Jimi Hendrix, BB King, Bob Marley, Lenny Kravitz e Noel Gallagher.

Escolhi, no entanto, uma interpretação "diferente" e que me agrada muito. Não será a melhor, sobretudo para os puristas de Bob Dylan, mas eu gosto muito dela. Adoro a suavidade da melodia e chega a comover-me a forma como é cantada. Tão sentida, tão pungente, tão delicada também .... Acho-a particularmente interessante porque é cantada por uma mulher (Barb Jungr) a quem uma vez ouvi dizer, no palco do Almeida Theatre, em Londres, que iria cantar Bob Dylan até morrer. Tirassem-lhe tudo e todos, mas não o Bob Dylan.

Agrada-me seguir, devagarinho, a história de alguém que é abandonado à sua triste sorte, tal qual uma pequenina pedra rolante num qualquer caminho, depois de ter estado nas alturas, bebido champanhe e rido alto das misérias alheias. Gosto de canções com letras fortes e interpelativas, que falam da condição humana e das "quedas" que abrem caminhos para a descoberta da fragilidade que nos torna irmãos.

E adoro o acompanhamento musical, a simplicidade do arranjo, e a vibração teatral e intensamente sentida da intérprete.



Acrescento também a versão original do Bob Dylan para que me digam se a Barb Jungr a assassinou. Em meu entender, acrescentou-lhe dramatismo e novos picos de emoção…. mas isso sou eu!



Ah, é verdade, tudo se passou no Barbican Hall, em Londres … e o PO, meu partner no Deixa-me Rir, odeia a Barb Jungr! Acha que ela não sabe cantar Bob Dylan. Pois eu acho que sabe. E muito bem. Ouçam o álbum “Every Grain of Sand” e depois digam-me …

pcp

10 comentários:

Segismundo disse...

E resta dizer que a música deu nome a uma banda, a uma revista e foi considerada por essa mesma revista (talvez por isso não tenha sido uma escolha assim tão imparcial) a melhor música de sempre.

Anónimo disse...

Tem razão, Segismundo, devia ter escrito isso. Eu sabia essa questão da melhor música de sempre ... mas, se quer que lhe diga, isso é relativo. Dentro em breve postarei uma música dos Queen que é considerada, também, uma das melhores músicas de sempre ... o que é isso, a melhor música de sempre??? é tão relativo. Obrigada por me relembrar. pcp

Unknown disse...

Eu vou aproveitar aqui o espacinho para dizer que ouvi até ao fim.
Boa dica pcp.

Anónimo disse...

Dylan é um dos maiores letristas de sempre da música não erudita de língua inglesa e, certamente, o de maior impacto - como abundantemen-te atesta o extenso e elevado rol de intérpretes que fizeram covers das suas canções.

Ele próprio, como intérprete, modalizou para sempre a música pop, ao pôr outros registos dramáticos - a agressividade, voire, a raiva, o desconsolo, o desdém ou o desprezo - ao serviço de textos de intervenção (e não apenas),até então prioritariamente servidos pela ironia, mesmo em países com maiores tradições de canção-dramática.

Nesse apecto, no resgate de registos dramáticos que não sendo de forma alguma desconhecidos da música popular, permaneciam maioritariamente confinados ao segmento da música sentimental*, o exemplo de Dylan - pelo enorme eco obtido - preparou-nos, quiçá dispôs-nos, para outros vocalistas que deram corpo a pulsões - o hard, o heavy, mesmo o rap - antes insuspeitas da música pop, tenha ou não Dylan influenciado os seus próceres.

Essa via dramática tamponou a expressão de uma riqueza melódica que a canção continha: o miúdo-ar-de-mártir-sobrevivente-do-guehto-e-voz-agreste, queria-se despojado como um São João Baptista - alguém imagina o Baptista a invectivar no deserto com voz de Bing Crosby?

É exactamente por isto que eu gosto tanto de Bob Dylan revisitado por Barb Jungr: não se perde nenhum do drama, nada se dilui em água com açucar, ganha-se em eufonia e descobre-se.

Bem trabalhado pcp!

J.

* Há, evidentemente, excepções no blues

Anónimo disse...

J, tu és o máximo dos máximos!!!! Que comentário!!! Isto não é um comentário, é uma tese sobre Dylan. Bem hajas, querido J! pcp

Anónimo disse...

Dylan é único, irrepetível e genial; a Barb é, pelo que ouvi, pois nunca lhe tinha ouvido nada, única e irrepetível...
E isto não é uma diferença entre os compõem a partir de outros e os que compõem originais.

Anónimo disse...

Boa pcp, excelente selecçao e excelente comentário. Demonstra uma grande sensibilidade.

Philip disse...

pcp, this is, to my ears, a different interpretation. Dylan sounded cynical, perhaps misogynistic, towards the character in his song, whereas BJ sounds sympathetic. Interesting...
One small correction Segismundo (excuse me if I misunderstood): the Rolling Stones already existed before this song; their band name was inspired by a Muddy Waters blues song. po

Segismundo disse...

Philip: I looked up on the internet and not only The Rolling Stones but also the Rolling Stone magazine were named after a Muddy Waters song. So take that Dylan, 'Like a Rolling Stone' didn't name any famous band or magazine, it's 'just' one of the most influential songs in pop/rock/folk/... music.

Thank you,

SB

Anónimo disse...

Well, thank you both for enlightening me ... pcp

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