11 maio 2010

Um Domingo no estádio

Sou um grande adepto de futebol. Algumas vezes, atrevo-me até a dizer que a maioria das vezes, mais adepto de futebol em si que do meu próprio clube. Enquanto fui crescendo, nunca o vi a ganhar nada de grande relevo, merecedor de festa rija. Só o vi mesmo a ganhar dois campeonatos. Mas enfim, não se muda de clube. E talvez por isto não tenha uma grande veia de fãnzice clubística, o que me torna um frequentador pouco assíduo de estádios.

Prefiro ver os jogos em casa. Mesmo que, e isto raramente falha, alguém (geralmente do sexo feminino) se ponha de pé em frente da televisão em alturas críticas. Parece que escolhem. Durante um pontapé de baliza, está tudo sentado e quietinho. Enquanto o jogo está parado, idem. Mas agora quando é um contra-ataque perigoso, com grandes hipóteses de dar em golo, é fatal como o destino que alguém se vai pôr de pé, e tapar o fim da jogada.

Ou que muitas vezes ver o jogo na televisão implique ouvir comentadores com uma vaga noção de como realmente se comenta um jogo. A época dos dois homens a formar um triângulo já passou. Também já há nenhum que se exalte com as jogadas emocionantes. Agora são todos analistas. Imagino-os, durante os jogos, a passear na cabina dos comentadores com um dispositivo 3G topo de gama, que permite arrastar bolinhas que passam por jogadores. Falam todos com uma voz serena e hipnotizante, e só querem saber das linhas intermédias das transições defesa-ataque. Já não há gritos, saltos e enervamentos.

Mesmo assim, tendo visto nos últimos anos todos os jogos em casa, sempre tive um fascínio pelo estádio de futebol. E esse fascínio prende-se muito mais com a atmosfera em redor do jogo, que com o futebol em si.

Nunca fui ver nenhum jogo em que tenha saído do estádio a dizer 'Sim senhor, que grande espectáculo de bola'. Mas saí, isso sim, a dizer 'Sim senhor, que grande leque de palavrões que aquele homem ao meu lado sabia'. Todos os palavrões que gritei enquanto fui crescendo, aprendi-os num estádio de futebol. Não fazia a menor ideia do que significavam, mas como me diziam sempre que o que se ouvia ali não se repetia a mais ninguém, imaginava que não fosse coisa boa.

Outro ponto alto de se ver um jogo num estádio (sim, porque aprender palavrões é um ponto alto para qualquer rapaz) é o pré-jogo. O caminho, desde o carro/metro, até à porta de entrada. As pessoas que, 3 horas antes do jogo, já não têm no coração as cores do clube, mas um rótulo de cerveja. Os velhos que nunca largam o rádio de mão, nem mesmo durante o jogo. As roulotes, com as suas chapas para fritar que não são limpas desde que o estádio foi inaugurado, que vendem o típico kit courato + mini. A hola, obrigatória em qualquer jogo. Os olés para o adversário. As frases que se dizem ao árbitro e aos ódios de estimação da outra equipa. Tudo isto faz parte do encanto de se ver um jogo ao vivo.

E ainda assim, não me lembro de última vez que fiz tudo isto. Presumo que a preguiça de sair de casa para ir ver o que, a maioria das vezes, é um mau jogo de futebol fale mais alto. O que é estranho, porque de tudo o que envolve ver um jogo no estádio, o jogo em si é quase sempre o menos interessante.

SdB (III)

2 comentários:

Philip disse...

Hi Segismundo, so which team do you support? I have always supported Chelsea, always fashionable but not very successful until the last decade: 3 premierships, 3 FA cups, 6 Champions League semi finals/1 final (usually losing to the winner)... somehow they do not seem to be the same club! Of course it's fun. This year I decided to buy a membership to allow priority tickets because otherwise it is impossible to get tickets. And I was present in the stadium on the final day: "we" needed (we the supporters are the 12th man on the pitch) to win to stay ahead of Man Utd; it should have been a nervous occasion, but no, Chelsea win 8-0. Wow! What a way to confirm being champions. Definitely a moment to see live and not on tv... And how was your season? PO

Segismundo disse...

PO,

My season was pretty bad. I support Sporting, and this year the season was one of the worst in the team's history. Twenty and many points from the first place. My 'foreign team' is Arsenal, but their season wasn't great either. So, as you can see, in football terms i didn´t have a very happy year.

About Chelsea, the change in the last few years has a name. It´s Roman Abramovich. I think he wasn't having fun anymore playing Football Manager on his computer, so he decided to turn the game into real life. So he bought a football team. And every year Chelsea's transfers budget is almost equal to Portugal's GNP, which makes things very easy.

SdB (III)

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