13 fevereiro 2012

Vai um gin do Peter’s?

Hoje, deparamo-nos com obras de arte, que ainda não têm lugar nos museus ou noutros locais consagrados. Mas nem por isso deixam de cumprir a sua função de transmitir beleza ao mundo, interpelar e iluminar-nos por dentro.
Por exemplo, os bons filmes publicitários deviam constar no património da Sétima Arte. Muitas daquelas pequenas narrativas são obras marcantes. Não é por acaso que nos ficaram gravadas na memória.
Quem não se lembra dos spots da Martini, com imenso glamour, a transportar-nos até aos monumentos lindos da Itália medieval ou até aos circuitos da Fórmula 1, cheios de beautiful people, ou até aos últimos andares dos arranha-céus de Manhattan, de acesso reservado a CEOs e a um catering especial de cálices de Martini Rosé, servidos por uma modelo em patins?
Outro caso de sucesso foi a campanha de divulgação da Expo’98, num filme com bebés muito redondinhos a nadar animadamente entre algas e peixes de todas as cores, explorando o fundo dos oceanos. O segundo spot da mesma série acrescentava à geração do futuro, maravilhosamente representada pelos recém-nascidos, um desfile de habitantes de todo o planeta a passear-se pelo universo subaquático, vestidos com os fatos tradicionais, milenares.
Recentemente, uma empresa britânica(1) promoveu os seus serviços com enorme sentido de humor. Aliás, já é considerada a melhor curta-metragem publicitária da Grã-Bretanha, em 2011. Imagina-se uma velhinha, com aspecto de avó amorosa, entrar numa missão de policiamento arriscado? E tudo em velocidade relâmpago, à maneira dos thrillers?



Depois da emoção da velhinha, tão despachada, uma outra emoção aconteceu no Brasil, no final de 2011, também a ver com arte… fotográfica! Naturalmente, com o excelente contributo da natureza, que criou um cenário irrepetível.  
Num dia especial, em que as condições atmosféricas ofereciam um espectáculo único, na espantosa baía do Rio de Janeiro, a estátua do Cristo do Corcovado parecia pairar acima das nuvens. Aconteceu numa manhã abençoada do último dia de Outubro, imortalizada pela câmara de um fotógrafo atento: 




Volto à publicidade, com um outro par de filmes memorável. O primeiro é da Honda (2006) e recorre à música para demonstrar rigor e precisão: um coro estacionado numa garagem gigantesca replica os sons bem cadenciados do último modelo da marca japonesa. Escusado será dizer que os silêncios são tão determinantes quanto os variadíssimos timbres da super máquina. 


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Parodiando, deliciosamente, com a Honda e a ideia de um motor musical a merecer um coro profissionalíssimo, uma carrinha modelo pão-de-forma também arranjou um coro à altura da sua música



A terminar: um contributo da chamada arte urbana, feita por pintores que, a pouco e pouco, têm vindo a ganhar alguma visibilidade. Alguns assinam trabalhos brilhantes, que ajudam a melhorar o aspecto das cidades… e até dos carros. Em Moscovo, murais lindos cobrem as empenas de inúmeros prédios antigos, com ícones e telas gigantescas. Arte sofisticada, nada a ver com o estilo urbano-depressivo dos grafitti comuns.  



Desenhos de Scott Wade

Deve ser bem gratificante espalhar imagens bonitas pelas ruas por onde todos passam. Nesse aspecto, é bem louvável o efeito dos magníficos painéis de arte bizantina que forram as principais estações do metro moscovita. Como tudo o que é belo, lava-nos até à alma. 

Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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(1) St John Eye Care Centre, a publicitar o rastreio oftalmológico dos reformados.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom giro, Emi! O primeiro, uma delícia, típico British humour! Os outros dois muito conseguidos também, não fora a voz o primeiro instrumento musical do Homem. Já estas pinturas murais, à partida não me agradariam (odeio as da Fontes Pereira de Melo). Mas estas são francamente giras e devem bem animar o cinzentismo (atmosférico) de Moscovo. Boa! Bjs. pcp

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