Escrevo esta breve crónica numa altura em que a evolução
da situação na Grécia constitui um verdadeiro desafio de adivinhação.
No que me diz respeito, fraco como sou em previsões,
resta-me desejar que o famigerado Grexit não
se concretize, a bem dos gregos e da restante Europa. Se suceder, acho que se
abrirá um perigoso alçapão que irá inevitavelmente sugar outros clientes pouco
cumpridores.
Sei que a UE teve imensos erros no seu processo de
construção. O maior talvez tenha sido o seu demasiado secretismo na tomada de decisões
importantes, o medo de ouvir os seus destinatários. Mas apesar de tudo tratou-se
de um processo de agregação, que se sabe ser sempre difícil quando lidamos com
egos exacerbados. Agora, por oposto, lidamos com o possível início da sua
desagregação, caixa de Pandora de consequências imprevisíveis.
E se a Europa arriscar fazer o caminho contrário,
deixando para traz os mais fracos, acabará por pagar fatalmente muito caro por
isso. Pois não está doente a sociedade que não trata convenientemente os seus
membros mais desprotegidos?
Conheço alguns gregos, por razões profissionais. São
parecidos connosco, mas têm um estado e políticos ainda piores. São fáceis de
enganar, vide as últimas eleições. Mas estou certo que, em termos gerais, não
merecem o que parece estar prestes a acontecer-lhes. Oxalá me engane, a bem do
Mundo em que nos criámos e que queremos deixar aos que nos sucederem. Porque as
alternativas serão por certo bem piores.
Vangelis Papathanassiu é um músico grego que dispensa
apresentações. Porque é bom naquilo que faz.
Espero que concordem.
fq
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