20 abril 2011

Moleskine

Nigéria. Oiço que o presidente eleito deste país africano se chama Goodluck Jonathan, o que me pareceu interessante. Replicado para Portugal poderia ser algo como Vaitaeles Sócrates ou Abreaboca Aníbal. Ou ainda Boasortepratitambém Portas.

Livros. Com o esforço de um cérebro que, como referi ontem, entrou numa atrofia irreversível, equilibro o sagrado e o profano. Na mesa ao meu lado encontram-se As Sete Últimas Palavras, de Timothy Radcliffe OP e A Tia Julia e o Escrevedor, de Vargas Llosa. O primeiro é particularmente adequado para esta época: uma meditação sobre as sete últimas frases proferidas por Cristo na Cruz. O outro - e cito - é uma história de amor em tom shakesperiano entre o jovem escritor Varguitas e as sua Tia Julia.

Política. O espectáculo a que assistimos diariamente é degradante: a vacuidade das ideias, a ausência de rasgo, a briga trauliteira num país onde a escassez é excessiva. Eu sei que este parágrafo é um lugar-comum mas, de facto, o panorama humano que nos dirige é de uma pobreza confrangedora. A seguir ao 25 de Abril quando, ainda jovem, iniciei uma militância política assente na colocação de cartazes e na pintura de paredes, havia vultos que nos inspiravam. Na Europa seria o mesmo. Agora, esta gentinha que por aí pulula segue, com certeza, uma definição com que me cruzei um dia: política é comer, beber e pôr um pouco de lado.

Crise. Almoço com amigos que me ficaram da vida profissional. A abordagem a alguns temas é bastante consensual, pese a diferença de enquadramentos familiares / sociais / económicos - a necessidade de uma nova atitude perante a vida: dizer não ao desperdício, ao consumismo excessivo; interromper uma cultura do ter, mais do que do ser; privilegiar a moderação e a atenção ao que se passa à volta. Aprenderemos alguma coisa com a crise? O almoço era leitão e eu fui o primeiro a dar a nota de potencial incoerência: comi bastante. Mas será que comi de mais?

JdB

3 comentários:

Ana LA disse...

Hoje aproveito e gozo o "vareio" de temas e preocupações.
Fixo-me no esforço saudável do equilíbrio entre o sagrado e o profano. Parece-me ser esse equilíbrio a resposta para tudo o resto, a política, a crise e o amor.
Suave como sempre, imenso na ilustração.

Anónimo disse...

Muito bom! pcp

Luísa A. disse...

A vacuidade de ideias é capaz de não ser só na política, João. Esta, provavelmente, apenas reflecte o que predomina fora dela. É uma pena que as pessoas com valor não queiram ocupar o espaço político, enchê-lo de ideias e varrer de lá quem as não tem.
P.S.: Comeu demais, João!!! Como é possível comer-se um leitãozinho sem um átomo de remorso?
:-)))

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