Ficara triste a orfãzita
Triste sete anos de vida
Tão airosa e tão bonita
Toda de luto vestida
Mas disse-lhe um dia o pai
Vives aqui tão sózinha
E o teu paizinho vai
Dar-te uma outra mãezinha
Outra mãe não pode ser
Nós temos uma só mãe
Morreu e se outra vier
Eu quero morrer também
Um dia, a outra chegou
Toda a gente em festa linda
Só a pequena chorou
Sózinha, mais orfã ainda
E triste, devagarinho
Sem dizer nada a ninguém
Foi procurar um cantinho
Na sepultura da mãe
Letra de Francisco Radamanto
***
Paizinho (ou Não batas na mãezinha)
Certa noite desditosa
No meu lar abençoado
Esta cena se passou;
Zanguei-me com minha esposa
E no momento irado
Bati-lhe, e ela chorou
Nesse momento, e por fim
Depois de tudo acabar
Entre lágrimas e ais
Alguém se abraçou a mim
E me pediu, a chorar
Paizinho não batas mais
Tive tanta piedade
Quando o ouvi dizer também
Olha que se ouve na rua
Paizinho, por caridade
Não batas na minha mãe
Tem pena, recorda a tua
Minha mãe, tanto me encanta
Foi ela que me criou /
Diz chorando, a criancinha
Não batas naquela santa
Que tantas vezes tirou
Da boca dela p´ra minha
Dôr igual nunca senti
Quando vi na criancinha
Tão nobre sentir aquele
Com mil beijos prometi
Não bater mais na mãezinha
Chorando abraçado a ele
Letra de António Fonseca
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