Desde Sexta, 29 de Abril, que há um novo miradouro em Lisboa, instalado no topo das Amoreiras. O acesso é junto à loja AREA, no piso 2. Informações práticas:
- ENTRADA: piso 2 do C.C.Amoreiras junto à loja AREA.
- HORÁRIO: dias úteis, das 10h00-12h30 e das 14h30- 22h00.
- PREÇO: 5€ adultos; 3€ crianças (dos 6 aos 12 anos); gratuito até aos 5 anos.
- CONTACTO PARA RESERVAS: info@amoreiras360view.com
A perto de 200m de altura, percebe-se que a vista de 360º abarca toda a capital e estende-se aos arredores até onde a vista alcança, apenas sujeita aos limites da visão humana:
Transcrito do OBSERVADOR : «O miradouro está equipado com lunetas de focagem de longo alcance e mapas informativos (Fábio Pinto/OBSERVADOR)» |
http://observador.pt/2016/04/28/lisboa-360o-no-novo-miradouro-das-amoreiras/
Recuar 160 000 anos com um simples click
Felizmente que, hoje, acompanhar as descobertas arqueológicas e explorar matérias remotas (até pela sua antiguidade) do saber se tornou bem mais apelativo e compreensível através dos filmes, mapas interactivos e tudo o que os computadores oferecem. Basta estar ligado à net.
A aventura do povoamento da terra pelo primeiro homem, iniciada há perto de 160 mil anos, vem apresentada em mapas interactivos, da autoria do académico britânico de Oxford, Stephen Oppenheimer(1), em parceria com a Fundação Bradshaw, sediada em Genebra.
Prof. Oppenheimer |
Com a persistência dos detectives e cruzando vários saberes, entre antropologia e arqueologia, as investigações ao DNA e o estudo das mudanças climáticas nas várias eras, Oppenheimer traçou o itinerário do Homo Sapiens na sua expansão intercontinental, sem temer o desconhecido nem se poupar a esforços. Curioso confirmar quanto as migrações são uma constante da história humana, sempre em busca de melhores lugares, acreditando que há mais e melhores alternativas disponíveis no espantoso planeta azul. Acompanhar essa jornada global do primeiro homem é bem revelador dos traços característicos e diferenciadores desse ser versátil e brioso, apostado em chegar sempre mais longe, superar-se, em todos os sentidos:
http://bradshawfoundation.com/journey/
São muitas as perguntas a que a apresentação se propõe responder, num estilo figurativo e explicado: qual a origem do ser humano? De onde partiu? O que motivou uma viagem arriscada até latitudes tão distantes?
A primeira vida humana terá despontado nos trópicos africanos, de onde pequenas comunidades se puseram em marcha, provavelmente por motivos de sobrevivência talvez também aguçados pela típica curiosidade humana. Nenhum outro ser vivo teve um gesto de dimensão sequer semelhante, até pela impossibilidade prática de adaptação a outro meio ambiente, onde a simples diferença de temperatura costuma ser letal.
Os fluxos migratórios acabaram por povoar paragens longínquas e exóticas, cumprindo a observação de que a necessidade aguça o engenho. Do engenho evoluiu-se para a riqueza proporcionada pelo intercâmbio de conhecimentos, ideias e novos artefactos entre comunidades que cruzaram caminhos. Significativamente, os grupos que se implantaram na confluência das rotas mais utilizadas, prosperam rapidamente, edificando impérios poderosos e atractivos, num contínuo de rápido progresso e captação de mais gente e talento, funcionando em círculo virtuoso.
Nas várias etapas da evolução humana são marcantes as descobertas de novos materiais, da pedra para o ferro seguindo-se outros metais, que permitiram melhorar consideravelmente a qualidade das ferramentas. O fogo e os primeiros rudimentos agrícolas proporcionaram as condições mínimas à sedentarização das populações. Neste trilho de desenvolvimento gradual, também a arte encontrou a sua hora, assumindo-se como o expoente da expressão mais profunda e universal. Por isso, as pinturas rupestres não faltam nesta súmula de história interactiva, a resumir vários milénios em poucos minutos.
Nesta investigação, impressiona a pesquisa de Oppenheimer, autêntico detective, a reconstituir uma viagem demasiado antiga, onde teve de decifrar os poucos vestígios quase apagados pelo tempo, mas ainda presentes em fósseis, nos vestígios dos diferentes ciclos climáticos que persistem na paisagem, nas análises ao genoma humano e algumas evidências da presença do cromossoma Y.
Segue ainda outro link sobre as flutuações e alterações profundas do clima na terra, com variantes bem mais radicais do que é costume reconhecermos, demonstrando a resistência incrível do planeta, numa combinação misteriosa de conseguir acolher um fenómeno tão frágil como a vida no seio de uma natureza tumultuosa e pouco domável:
http://humanorigins.si.edu/evidence/human-evolution-timeline-interactive
Tiveram sorte e bom gosto os primeiros habitantes a implantar-se nas margens do Tejo, onde veio a ser edificada a cidade de Lisboa. Aproveitando as vantagens da proximidade do rio, também souberam beneficiar da protecção natural que o topo das colinas proporcionava, além da vista panorâmica. No fundo, o novo miradouro “apenas” optimiza um benefício de que os nossos antepassados também não prescindiram. Limitámo-nos só a aguçar o engenho, o que valeu 3 dias de festas, nas Amoreiras.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
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(1) http://bradshawfoundation.com/stephenoppenheimer/index.php.
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