21 dezembro 2008

O 4º Domingo do Advento e a pergunta

Henry Ossawa Tanner. The Annunciation, 1898.


Maria disse então:
«Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra».

[do Evangelho de hoje]


Hoje celebra-se o 4º Domingo do Advento, e eu não esqueço a minha condição de Católico.
Grande parte dos natais da minha vida – diria mesmo a esmagadora maioria – foi celebrada em ambiente de festa e tranquilidade. Era a inocência da juventude, a boa vida da adolescência, os princípios da paternidade, a festa alargada às famílias que se ganhavam por via do casamento. Mesmo que o despesismo fosse contido devido a limitações financeiras, não havia dramas a ensombrar a quadra. Havia sorrisos, alegria, boa disposição, generosidade com todos aqueles que estavam mais próximos de nós.
Talvez os meus pensamentos, nesse tempo de simplicidade, fossem muito marcados e dirigidos para o mundo chegado e familiar, o que não deixa de ser correcto. Digamos que a amplitude do meu olhar se esgotava, de alguma forma, naqueles que faziam parte do meu círculo mais próximo.
O post de hoje é dedicado a todos os que percorrem este mês de Dezembro (como eu percorri tantos) sem que a nuvem do desgosto, da angústia, da perda e do sofrimento ensombrem os seus caminhos. Gente a quem a vida (fruto da sabedoria, da sorte e das circunstâncias) sorriu sempre, calcetando uma estrada fagueira - ainda que esforçada -, sem obstáculos, sem tropeções. Mas gente, também, que pautou a sua vida pela correcção dos processos, pela honestidade, pela dignidade, pelo respeito.
A minha própria história e o homem em que me tornei, com todas as virtudes e defeitos, fazem olhar-me para trás e imaginar a frase que devia ter dito e que agora lanço àqueles a quem dedico este texto:
- O que faço com tanta felicidade?


JdB

1 comentário:

Anónimo disse...

"O que faço com tanta felicidade" pergunta o nosso bloguer JdB .... atrever-me-ia a sugerir: dê graças por essa graça, reserve-a no seu coração dando-lhe calor, faça-a multiplicar (como na parábola dos talentos) e distribua-a em justa medida como um "micro"-crédito. Saiba que você é um banqueiro de um capital inesgotável.
Maranathá. Bom Natal.

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