30 agosto 2011

Duas últimas


Hoje blogo David Bowie e a música "Five Years", do mítico álbum (ainda se diz álbum?) Ziggy Stardust. Dancei muito esta música. Principalmente com paixões nunca consumadas. Atenção, com 14 ou 15 anos a consumação da paixão não é nada do que possam estar a pensar. E veio-me à memória um post recente do JdB sobre o destino. Interrogava-se ele se a sua história de vida não teria sido diferente se, numa dada ocasião, não se tivesse deixado dormir. Imaginar o que poderia ter sido é, para mim, um exercício divertidíssimo. Inconsequente, mas divertido. E pode aplicar-se, tanto à nossa vida e aos seus momentos decisivos, como à história do mundo. Já imaginaram o que poderia ter sido Portugal sem o 5 de Outubro? E sem o 28 de Maio? E sem o 25 de Abril? E sem o 25 de Novembro? E o que poderia ter acontecido à Europa se os alemães tivessem ganho alguma das duas guerras mundiais. E o que seria ainda da Europa se o muro de Berlim não tem caído? E o que seria diferente se o Al Gore tem ganho as eleições ao Bush? Enfim, as possibilidades sãoinfinitas e constituem um manancial estupendo para quem gosta de exercícios de imaginação. 

Contaram-me, no outro dia, uma história aparentemente verdadeira e que tem a ver com isto. Ter-se-á passado com o casal Obama numa saída a dois para jantar fora. Ao que parece, o dono do restaurante era um antigo apaixonado da senhora Obama, e esta tê-lo-á dito ao marido. Comentário do Presidente: quer dizer, se tivesses casado com ele eras agora dona deste restaurante? Resposta da mulher: nem pouco mais ou menos, o dono do restaurante é que seria actualmente o Presidente dos Estados Unidos. É o que se chama confiança no controlo do nosso próprio destino. 

Será que eu seria hoje uma pessoa totalmente diferente se tivesse consumado as paixões com as meninas com quem dancei o "Five Years" do David Bowie? Eu divirto-me com pouco, sabem?

JdC



3 comentários:

JdB disse...

Bom post, como sempre.
Apesar do ipad, do iphone ou do ipod, ainda não se inventou nada melhor do que a nostalgia, essa sensação de olhar para trás e deixar que um sorriso aflore aos lábios (estou possidónio?). É por isso que pomos estas músicas e nos lembramos de quem, aos 15 ou 16 anos, estreitámos nos braços, com um coração em taquicardia enquanto o Bowie (esse homem a quem adivinho pouca higiene física e moral) cantarolava o Five Years. Não me lembro especialmente de dançar esta música, mas retenho a sensação do que terá sido dançar esta música.

Anónimo disse...

Caro JdC,
Magnifico texto, inteligente e divertido.
Temos normalmente a ideia de que, podendo as coisas ter sido diferentes, teriam sido provavelmente melhores. Mas é bom não esquecer que poderiam ter sido piores.
Não me lembrava desta música, muito menos de a dançar, mas gostei, como aliás gosto (quase) sempre de Bowie.
Abraço,
fq

Ana LA disse...

Nostalgia dos tempos da adolescência,hummmmmmmm.

Como se pode guardar com carinho a lembrança do beijo que não se deu ou da paixão não correspondida? Pois, ainda dizem que os homens não são românticos? Ou será que só o são na idade avançada?. Agora já é tarde, porque o cheiro a brisa do mar nos cabelos sedosos duma garota com pele de pêssego, já era! Azarito, tivessem ido à luta.

O Bowie camaleónico e extravagante partiu a loiça, desconstruiu o status quo, viajou na maionaise, despenteou o falso moralismo e aposto que não deixou um beijo por dar. Guardou o romantismo para a idade adulta e vive feliz ao lado de Iman.

Eu sou fã da sua música.
Boa escolha JdC

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