S. Miguel, Açores, Maio de 2015 |
Soube esta 3ªfeira,
por mão amiga, que tinha morrido Alberto Vaz da Silva.
Sobre ele só poderei
escrever petits riens, porque mal o
conheci. Há uns anos inscrevi-me num curso de grafologia no Centro Nacional de
Cultura. Fi-lo por um gosto antigo e nada trabalhado de olhar para a caligrafia
do próximo mas, também, por quem ministrava o curso – Alberto Vaz da Silva, de
quem ia lendo coisas.
Como em muitas
ocasiões – e partilhei a impressão com o meu amigo ATM, a tal mão amiga – o curso foi feito antes de
tempo. Era ao fim do dia e eu ainda me constituía como empregado fabril. Por
outro lado, o meu tempo cerebral ou emocional ainda não estava orientado para
aquele curso, ocupado a resolver outros assuntos. Olho para trás e lamento não
ter aproveitado mais.
Sobre ele escreveu, no
Expresso, o Pe. Tolentino Mendonça:
Ele vislumbrou uma nova relação com o real, feita já não de
oposições e distâncias, como se a vida não fosse um mistério único, mas
sublinhando corajosamente os traços de união, os hífens inesperados, as
continuidades. E assim nos mostra que não há pequeno ou grande, não há cósmico
nem quotidiano, não há interno ou exterior: por todo o lado e em todas as
coisas está, pelo contrário, latente a mesma espantosa proposta que a vida em
si mesma é.
Em Dezembro do ano
passado, Laurinda Alves entrevistou-o para o Observador (de onde também retirei
a citação acima).
Vale a pena ouvir, até porque são seis
minutos, parece-me: fala
de cosmos, de luz interior, da procura do “eu”, da justificação do divino e das
possíveis mudanças. E fala de silêncio interior, algo que me foi - e é ainda -
tão caro.
Os
desgostos da vida ensinam a arte do silêncio, diria Séneca.
JdB
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